Desta vez vou direto ao ponto. Afinal de contas o ser humano
é bom ou mau? Pergunta difícil, não é? Mas e aí, o que você acha? Em nossa
natureza essencial somos bons ou maus?
Esta é uma das questões em que a discussão se arrasta desde
que o ser humano existe. Na realidade, mesmo na religião este ponto já se
apresenta logo de cara, quando Caim mata seu irmão Abel. E em várias outras
passagens bíblicas, como textos sagrados de outras religiões há também menção a
este complexo dilema. Mas esta dúvida não se resume à religião.
Entre os filósofos, o francês Jean Jacques Rousseau
(1712-1778), acreditava na tese do “Bom selvagem”, ou seja, o homem nasce bom,
puro e perfeito e é vítima da sociedade que o corrompe e torna-o violento e
agressivo. Em contrapartida, o inglês Thomas Hobbes (1588-1679) em sua obra ‘O
Leviatã’, defendia praticamente o contrário. Dizia que para haver paz e
harmonia na sociedade os homens deveriam ter sua natureza primordial rude
controlada severamente por um Estado dotado de leis austeras que serviriam como
diretrizes e somente desta maneira nos manteríamos “nos eixos”.
Mas a pergunta não quer calar: Em nossa essência, nós
humanos somos bons ou maus? Em relação às duas teorias, qual delas se aplica
melhor à nossa realidade? Talvez nenhuma delas em sua totalidade seja
suficiente para explicar nosso modo de comportamento. Nosso país não pode ser
considerado exemplo nisto, mas realmente em países onde as leis são mais
rígidas e são obedecidas, casos de violência e brutalidade são menos comuns.
Por outro lado, sinceramente não sei se somos totalmente puros ao nascer, mas é
evidente que o ambiente em que vivemos influencia nosso comportamento. Podemos
sim, aprender violência. Nosso sistema carcerário é a prova fiel disto, onde
presos por pequenas infrações convivem com bandidos perigosos e saem com “pós
graduação” em criminalidade. Ou seja, vendo por outro lado, de alguma forma
Rousseau e Hobbes estão certos.
E se trouxéssemos esta discussão para nosso cotidiano, para
as pessoas de nosso convívio? Somos totalmente bons ou em certas situações
temos atitudes não tão nobres assim?
Pois é, quando abordamos por este ponto, talvez percebamos que as coisas
não são tão simples, mesmo porque não devemos considerar maldade apenas àqueles
atos que contém violência. Há diversos tipos de maldade, tão cruéis quanto a
violência. Ou, se você preferir, há diversos tipos de violência além da física.
E será que podemos chegar a alguma conclusão?
Particularmente, penso que carregamos conosco, dentro de nós
os dois germes. Da bondade e da maldade. Há um símbolo oriental chamado
Yin/Yang que demonstra este princípio. O princípio das polaridades. Bondade e
maldade, amor e ódio, riqueza e pobreza. Talvez sem perceber estejamos o tempo
todo oscilando entre pólos opostos.
Meu grande amigo José Orlando já diz: “Quando amamos,
odiamos menos. Quando odiamos, amamos menos”. Seguindo essa linha, quando somos
bons, estamos sendo ‘menos maus’ e quando fazemos maldades, estamos sendo ‘menos
bondosos’. Parece óbvio, mas na realidade vivemos nesta árdua e constante busca
pelo equilíbrio.
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