Dentre as profundas mudanças (para melhor) que aconteceram em
minha vida nos últimos anos, uma delas diz respeito à maneira como passei a
encarar os fatos e também como passei a buscar aprender com as pessoas. Neste
trajeto, vi muitos serem alavancados por virtudes essenciais e alcançarem seus
propósitos. Porém vi outros que sucumbiram a um poderoso inimigo e outros que
caminham inevitavelmente para o mesmo fim. O nome deste inimigo? A hubris.
Só para variar, ouvi este termo pela primeira vez em uma conversa
com meu amigo e mestre José Orlando. Lembro-me dele me dizendo com toda a
serenidade e sabedoria que possui: “Zé, fique sempre atento a este inimigo. A hubris
é sempre muito perigosa”.
E então, me contou a história de um general que ao voltar para
Roma vitorioso e era recebido pelas pessoas com festa ordenava que um soldado
ficasse o tempo todo dizendo ao seu ouvido: “Fique atento, você é só um
militar. Lembre-se que César é o imperador. Sua vida está sempre nas mãos dele,
não se ache o maioral”
Hubris (ou Hybris em grego) significa desmedida, descomedimento e
pode ser detectada de modo até fácil naquele que é orgulhoso, insolente,
presunçoso. Normalmente se associa a isto a falta de controle sobre seus
próprios impulsos, paixões e emoções. O perigo da hubris é que faz com que as
pessoas incidam em comportamentos nocivos a elas mesmas e despertem em si vícios
e auto destruição.
Na mitologia são muito comuns passagens onde heróis sucumbem a
desafios justamente devido a este excesso de confiança. Ícaro e suas asas podem
nos servir de exemplo como uma destas situações.
No âmbito
comportamental é o retrato fiel do ego inflado, da prepotência. É fácil
compreender, já que a linha entre a auto confiança e a arrogância é muito
sutil. E sem que as pessoas percebam, colocam a si mesmas em grande risco. Como
isso pode ser visto no cotidiano atual? Pode olhar ao seu redor. Pessoas que ‘se
acham’, que não possuem limites, que fazem da vaidade e da necessidade de se
sentirem melhores que outras, seja pelo cargo que exercem, pelo conhecimento
intelectual que possuem, pela condição financeira ou atributos físicos e fazem questão
de demonstrar a todos o quanto são ‘melhores’. Muitas vezes usam até a
estratégia de diminuir outras pessoas para sentirem-se ainda mais
‘importantes’.
O fato é que a hubris é tão sorrateira que atinge não apenas no
individual. Nações, grupos, equipes, famílias também estão expostas a esta
armadilha. Que fique claro! Não podemos confundir a hubris com aquela confiança
e ousadia presente naqueles que vencem e necessárias para termos a audácia de seguirmos
adiante.
Fique sempre atento, principalmente quando você está em destaque
ou naquelas situações onde sabe que possui algum diferencial. A hubris é um
inimigo traiçoeiro e sem que perceba você pode estar sendo contaminado por ela.
A vigilância deve ser constante. O sucesso pode ser importante e saboroso, mas
humildade é sempre fundamental.
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