sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Mau humor constante? Pode ser outra coisa... José Carlos Carturan

Distimia
 
A situação se repete dia após dia e pode acontecer em seu trabalho ou na relação com alguém da família. A pessoa chega com a cara amarrada, de poucos amigos e manifesta o quanto está contrariada por alguma coisa. São conhecidos no ambiente como os mal humorados, ranzinzas, rabugentos.
Talvez você mesmo tenha alguns dias com o humor bem instável. A rotina estressante a que grande parte de nós está submetido podem gerar desconforto e abalar o humor, mas o fato é que há pessoas que constantemente apresentam este comportamento. Para estas pessoas o mau humor recorrente pode significar mais do que um comportamento passageiro.
Há um distúrbio conhecido como distimia, um mau humor crônico que influencia não só a vida do paciente como também das pessoas que convivem com ele. A grande dificuldade está em diferenciar episódios ocasionais de mau humor com a doença propriamente dita. 
Uma característica comum do paciente com distimia é a irritação e preocupação excessiva até quando a situação é positiva. Em alguns casos mais graves, o paciente encontra problemas até mesmo em situações benéficas como ganhar um prêmio na loteria. Fica irritado porque, por exemplo, daqui por diante acredita que sua família não estará mais em segurança. Em suma, quando as alterações de humor passam a ser comuns e a pessoa fica irritada quando está calor e repete o mesmo padrão comportamental quando está frio, talvez algo esteja errado.
Algo também relevante é que o distímico (como é chamado o paciente que tem distimia) além do já comentado mau humor apresenta também tristeza, pessimismo, sensação de constante insatisfação, falta de motivação e auto estima.
Geralmente a distimia começa a aparecer na adolescência ou no adulto jovem e pode perdurar por toda a vida se não for tratada corretamente. Os sintomas que mais chamam a atenção, no seu início, são a irritação com qualquer coisa, o costume de ver problemas em tudo e o isolamento social. Estatísticas da Organização Mundial de Saúde apontam que até 180 milhões de pessoas no mundo são portadoras da doença e as mulheres são afetadas duas vezes mais do que os homens. Neste caso a questão hormonal faz diferença sim. 
Caso a doença não seja corretamente tratada, e um tratamento pode levar até dois anos, o paciente tem 70% de chance de desenvolver a depressão. As principais diferenças entre a distimia e a depressão são a relação social do paciente e alguns sintomas físicos que aparecem normalmente na depressão, mas não ocorrem na distimia, como alteração de apetite, sono e energia. 
Outra diferença importante é que na maioria dos casos a pessoa depressiva busca se isolar de qualquer atividade, enquanto o distímico continua realizando suas funções normais, mas sem sentir prazer e satisfação ao realizá-las.  A grande dificuldade é perceber que há algo errado e que os episódios de mau humor não são apenas características do indivíduo. Apenas um diagnóstico clínico criterioso realizado por um psiquiatra ou psicólogo pode apontar a ocorrência da doença e seu método correto de tratamento.

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