segunda-feira, 19 de março de 2012

Brilho nos olhos - José Carlos Carturan


Atualmente, uma das perguntas mais frequentes que respondo quando estou ministrando treinamentos é sobre a insatisfação e falta de motivação das pessoas com relação à vida e principalmente às atividades profissionais. Até que em um destes treinamentos uma pessoa, em um papo informal, perguntou a minha opinião sobre quais eram os motivos de tantas pessoas estarem insatisfeitas em seu trabalho, mesmo algumas que são extremamente bem remuneradas.

Na minha percepção há uma gama infinita de fatores que influenciam neste aspecto. Mas respondi a esta pessoa, muito querida por sinal, o seguinte:
- Quantas pessoas que você conhece que fazem aquilo que fazem com ‘brilho nos olhos’? Percebi um semblante de espanto em meu interlocutor, mas não consegui decifrar se a fisionomia significava reprovação, surpresa ou dúvida. Ao perguntar se havia falado algo inoportuno, recebi de volta um sorriso extremamente acolhedor e um agradecimento.

Parei para refletir depois daquela conversa e me veio muito forte a lembrança das decisões que tomei em minha vida nos últimos anos. E percebi que ainda que não tivesse consciência disto, minhas escolhas foram feitas com base neste critério. ‘Brilho nos olhos’. Lembrei-me inclusive de um compromisso que assumira comigo mesmo. Não faria profissionalmente nada mais que não me trouxesse este sentimento de satisfação pessoal.

Minha escolha de abdicar da Odontologia foi pontual. Foi exatamente quando percebi que, devido a alguns fatos e circunstâncias eu perdera o tal ‘brilho’. Atualmente o que faço me traz enorme realização. Trabalhar com treinamentos, cursos, palestras e com desenvolvimento pessoal foi uma escolha acertada.

Me causa certa chateação constatar que a maioria imensa das pessoas exerce suas atividades profissionais com extrema má vontade. E o pior. Há duas categorias. Os que são insatisfeitos em suas profissões, atividades ou ofícios e assumem isto reclamando o tempo todo. E outros que talvez sejam ainda mais infelizes, porque enganam a si próprios e não tem coragem de assumir que não querem mais exercer as atividades atuais.

Os motivos? Posso citar alguns. Preguiça, falta de coragem em mudar, conformismo, importância exagerada ao ‘status’ (geralmente ilusório) que a profissão ou posição traz, apego ou necessidade financeira, orgulho em aceitar que fez escolhas anteriores equivocadas, medo de fracassar e infelizmente, uma das mais comuns - A preocupação com o que ‘os outros vão pensar’.
Logicamente as mudanças nem sempre são tão simples. Como não foram para mim. Mas se a firmeza de propósito existe, como que por encanto, as coisas passam a acontecer.

Talvez não sejamos artistas, esportistas, nem lideranças políticas ou religiosas, mas nem por isso deixamos de ter a responsabilidade tocar a vida das pessoas. Mas para isto, antes é essencial que estejamos alinhados com nossos próprios sonhos e propósitos.

E para sabermos se isto está acontecendo, se realmente estamos alinhados há uma pergunta que deve ser feita para nós mesmos. Eu vivo com ‘brilho nos olhos’? E então? Qual sua resposta?

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