sexta-feira, 18 de maio de 2012

Procusto - José Carlos Carturan


Talvez novamente você esteja estranhando o título da coluna. Porém este título é relativo a um personagem de uma lenda. Aliás, é impressionante o quanto há de riqueza de ensinamentos que as civilizações antigas nos proporcionam até hoje. Na realidade é bem possível que hoje estejamos nos esforçando muito para redescobrir a real sabedoria que por motivos diversos acabou ficando fora de nosso alcance.

Na mitologia grega, diz a lenda que viajantes em certas circunstâncias ficavam sem abrigo para passar a noite. Então, um gigante chamado Procusto que ficava a espreita para abordar estes viajantes, convidava-os para passar a noite em sua cama de ferro.
Porém, havia uma armadilha: Para que pudessem usufruir desta hospitalidade era necessário que os visitantes coubessem, com perfeição, na cama. Se eram muito baixos, ele os esticava de modo a ficarem do tamanho da cama; se eram altos demais, cortava suas pernas. Ninguém sobrevivia, pois nunca ninguém se ajustava exatamente ao tamanho da cama.

Talvez em um primeiro momento, esta lenda não nos diga muita coisa. No entanto, se olharmos com um pouco mais de atenção, será que não acabamos fazendo a mesma coisa com as pessoas?

Será que não estamos gastando um bocado de energia emocional tentando "enquadrar", embora de formas menos drásticas, outras pessoas para que fiquem exatamente da maneira que gostaríamos que ficassem?
Esperamos, com freqüência, que os outros vivam segundo nossos padrões e ideais, ajustando-se aos nossos conceitos de como eles deveriam ser. Ou então, assumimos a responsabilidade de torná-los felizes, bem ajustados e emocionalmente saudáveis.
A verdade é que grande parte dos atritos que existem nos relacionamentos acontecem quando tentamos impor nossa vontade aos outros - quando tentamos administrá-los e controlá-los.

Por este motivo, assumimos responsabilidades que não nos pertencem. Tentamos dirigir a vida das outras pessoas, com a intenção de influenciar tudo e confundimos opinar com controlar. Procusto representa a intolerância do homem em relação ao seu semelhante.

Ninguém muda até que esteja disposto a mudar. Estamos fadados ao fracasso ao tentarmos controlar ou modificar alguém, não importa o quanto sejam nobres nossas intenções. Além disso, mostramos falta de respeito por seus direitos como indivíduo, tirando a oportunidade de aprenderem através de suas próprias escolhas, decisões e erros.

Mesmo porque existe uma “Lei” chamada “causa e efeito”. As pessoas colhem os frutos de acordo com as sementes que plantaram. E por mais que sejam pessoas que amamos, por mais que às vezes isto nos traga dissabores não está no nosso controle decidirmos por elas. Há uma frase que gosto muito que diz: “Na vida não existem recompensas e não existem castigos. Existem apenas consequências”.

Infelizmente alguns passam a vida colocando a culpa de seus insucessos nos outros e não percebem que os acontecimentos são resultados de suas próprias atitudes – ou da falta delas. Cabe a nós respeitar.

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