quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Efeito Placebo - José Carlos Carturan


A palavra placebo deriva do latim “placere”, que significa “agradar”. Como definição, placebo pode ser qualquer tratamento que não possui ação específica nos sintomas ou na doença, mas que de alguma forma pode causar efeito no paciente.

Já o conhecido “efeito placebo” diz respeito aos resultados obtidos a partir da administração de um placebo, sendo que recentemente pode também ser atribuído a procedimentos médicos sem o uso de fármacos, assim como a tratamentos sem comprovação científica, mas que podem causar melhora nos pacientes.

Para que se tenha idéia do poder do efeito placebo, um estudo realizado na Universidade de Harvard, testou sua eficácia em distúrbios como dor, hipertensão e asma e o resultado apontou para melhora no quadro em 30 a 40% dos pacientes. Isto significa que este percentual de pacientes obteve melhora sem que estivesse sendo administrado algum medicamento efetivamente. A melhora ocorreu porque estes pacientes acreditavam estar tomando a medicação.

Pesquisadores desta área explicam que além da ação farmacológica natural do medicamento, existem alguns efeitos que acontecem mesmo quando são administradas substâncias sem efeito farmacológico. O efeito placebo é tão misterioso que alguns pacientes relatam até mesmo os efeitos colaterais que são causados pelos medicamentos que na verdade não estão tomando, o que pode causar certo desconforto e requerer reavaliação por parte da equipe médica.

Fisiologicamente, o efeito placebo é considerado como um efeito orgânico causado no paciente através de estímulos abstratos ou simbólicos. De forma mais simples, isto diz que o importante é a realidade presente no cérebro e não a realidade farmacológica.

A expectativa do paciente frente ao tratamento pode ampliar, anular e reverter os efeitos da droga e até mesmo fazer com que drogas inertes provoquem efeitos que não podem ser causados por elas. Esta expectativa, positiva ou negativa, pode ser gerada pela confiança na equipe médica, pelo uso anterior de alguma medicação ou por informações obtidas por leitura ou através de outras pessoas.

Todos estes dados e alguns casos bastante conhecidos criam a questão de o quanto nossa mente, nosso estado emocional pode interferir no processo ‘doença versus cura’. A observação de casos onde um grupo de pacientes é dividido e, logicamente sem saber, metade recebe a medicação convencional e a outra metade recebe placebo demonstra resultados extremamente semelhantes. Ambos os grupos acreditam estar recebendo a medicação verdadeira e obtém resultados similares por causa disto.

Dr. Ernest Rossi, estudioso dos processos de cura mente-corpo, diz que as histórias de cura espontânea são menosprezadas pela ciência como resultados não confiáveis, porque acabam seguindo a premissa do "não é comprovado, portanto não é real". Uma coisa é certa. A ciência tem sido obrigada a admitir cada vez mais a existência de mecanismos que ainda não tem comprovação, mas apresentam resultados altamente eficazes.

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