terça-feira, 25 de setembro de 2012

Os 3 cérebros - José Carlos Carturan


Não sei se já parou para pensar nisso, mas algumas pessoas padecem de um problema crônico. A dificuldade na tomada de decisões. Por que temos tanta dificuldade em decidir?

Há fatores neurológicos e circunstanciais em que nos baseamos para decidir. Nesta semana conversaremos sobre as estruturas cerebrais envolvidas. E isto é mais fácil de entender do que se imagina e explica muita coisa do nosso cotidiano. Não tive a oportunidade de comentar anteriormente, mas nosso cérebro é um “descendente”, uma “edição melhorada” dos cérebros dos animais primitivos.

Didaticamente podemos dizer que trazemos conosco resquícios do cérebro dos répteis e anfíbios que estão situados próximos à nossa nuca e diretamente ligados à nossa coluna vertebral por meio da medula. Assim como em nossos distantes amigos “escamosos” esta parte do nosso cérebro é responsável pelo comportamento instintivo, ligado aos nossos cinco sentidos (visão, tato, olfato, audição e paladar), que eram os requisitos necessários para que cobras e jacarés entre outros conseguissem sobreviver a seus predadores, alimentar-se e manter viva sua espécie.

Há também em nosso cérebro outra porção, denominada sistema límbico, da qual fazem parte diversas estruturas ligadas ao conteúdo emocional e ao comportamento afetivo, que já aparecem desenvolvidas nos mamíferos e que pode ser observada na maneira como os cães demonstram carinho a seus donos e como os ursos e macacos, por exemplo, brincam entre si.

Já nos mamíferos uma parte chamada córtex aparece ainda de forma pouco desenvolvida e é justamente esta porção, denominada pelos neurocientistas de neocórtex que acabou tendo um salto em seu desenvolvimento e que acaba por diferenciar neurofisiologicamente a espécie humana das demais.

Este neocórtex é responsável pelo nosso raciocínio lógico, pelo cálculo matemático, pelo pensamento abstrato e principalmente pela comunicação através da fala. Isto deu ao ser humano uma imensa vantagem competitiva em relação às demais espécies, mas trouxe também alguns inconvenientes no momento de nossa tomada de decisões, ainda mais quando levamos em consideração que a porção esquerda do nosso cérebro toma decisões de modo lógico e racional e a porção direita decide de maneira intuitiva e criativa.

Só por isso já é possível imaginar os conflitos internos para tomarmos uma decisão. Uma parte de nós é puro instinto; agressiva, impulsiva e voraz. Outra parte reage de modo emocional e sensível e para complicar mais, tudo ainda passa por um processamento lógico e racional de um lado e intuitivo e criativo do outro.

Dependendo da parte do cérebro que predomina é que tomamos as decisões: de maneira mais impulsiva, emocional, intuitiva ou lógica. E por isto as pessoas reagem à mesma situação de modo tão diferente, muitas vezes diferente do modo que nós agimos ou da maneira que gostaríamos que agissem.

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