quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Contágio - José Carlos Carturan



No dicionário, a palavra “contágio” tem a seguinte definição: ‘Transmissão de uma doença por meio de contato mediato ou imediato’. Além desta designação, o próprio dicionário traz uma definição figurativa da palavra: ‘Imitação involuntária’.

E é justamente sobre este segundo conceito que falaremos. Talvez todos nós já tenhamos sido ‘contagiados’ de alguma forma. Quem, por exemplo, nunca passou a usar gírias ou modismos no falar? Ou acabou ‘pegando’ algum sotaque ao passar férias em uma região diferente? Até aí nenhum problema. Dá até certo charme...

O problema é que o mecanismo de imitação funciona para diversas outras coisas e em boa parte das vezes para coisas não muito boas. E digo mais: Podemos até em um primeiro momento criticar a atitude, mas se não estivermos muito atentos daqui a pouco estamos fazendo a mesma coisa. E achando normal.

Alguns se aproveitam deste padrão de comportamento humano e transformam-no em uma verdadeira “Filosofia de Vida”, muito comum em empresas, no serviço público, com os políticos (esses então, nem se fala) e em equipes geridas por líderes despreparados e incongruentes.

Esta “Filosofia” tem até um nome: “Quanto pior, melhor”. E faz sentido. Em ambientes desorganizados, repletos de pessoas que adotam este ‘modo de vida’ é que se proliferam a corrupção, a incompetência, a impunidade e o atraso.

Quer ver? Há um horário a ser cumprido na empresa. Quem chega na hora, não fez mais que a obrigação. Quem se atrasa, tem a conivência do chefe (isto quando o chefe não é o primeiro a dar mau exemplo).
 Os que não se atrasavam começam a ficar displicentes com o horário e se atrasam também. Então os “espertalhões” já chegavam mais tarde logo de cara, passam a atrasar-se ainda mais. Pronto: Clima propício para uma equipe desunida, indisciplinada e que sempre obtém resultados abaixo do esperado.

Traga isto para a política. Quem é honesto não faz mais que a obrigação (e não faz mesmo!). Aí vem um (na realidade, vários) e faz coisas ilegais. A punição não vem. Outros que até então não roubavam, percebem que nada acontece, que a impunidade impera e passam a roubar também. Só que os ‘mais experientes’ para diferenciar-se do grupo montam verdadeiros esquemas de desvio de dinheiro (mensalões, secretárias,etc). Mais uma vez prevalece o “Quanto pior, melhor”.

Sejamos sinceros, esta cultura é bem mais normal que parece. Na escola já era assim. O que estudava não era considerado bom aluno. Era chamado de CDF. E jogar lixo na rua então? E depois, dá-lhe enchente. Percebe?

A mudança deve começar aos poucos. Primeiramente com a valorização dos bons exemplos em detrimento dos maus. Depois com a consolidação de uma cultura baseada em valores e virtudes. E por último, líderes preparados para lidar com sua equipe. Gente que saiba cuidar de gente. E definitivamente acabar com esta cultura. Que tal sermos contagiados por tantos bons exemplos que existem por aí?

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