sábado, 12 de janeiro de 2013

Hubris - José Carlos Carturan






Dentre as profundas mudanças (para melhor) que aconteceram em minha vida nos últimos anos, uma delas diz respeito à maneira como passei a encarar os fatos e também como passei a buscar aprender com as pessoas. Neste trajeto, vi muitos serem alavancados por virtudes essenciais e alcançarem seus propósitos. Porém vi outros que sucumbiram a um poderoso inimigo e outros que caminham inevitavelmente para o mesmo fim. O nome deste inimigo? A hubris.
Só para variar, ouvi este termo pela primeira vez em uma conversa com meu amigo e mestre José Orlando. Lembro-me dele me dizendo com toda a serenidade e sabedoria que possui: “Zé, fique sempre atento a este inimigo. A hubris é sempre muito perigosa”. 
E então, me contou a história de um general que ao voltar para Roma vitorioso e era recebido pelas pessoas com festa ordenava que um soldado ficasse o tempo todo dizendo ao seu ouvido: “Fique atento, você é só um militar. Lembre-se que César é o imperador. Sua vida está sempre nas mãos dele, não se ache o maioral”  
Hubris (ou Hybris em grego) significa desmedida, descomedimento e pode ser detectada de modo até fácil naquele que é orgulhoso, insolente, presunçoso. Normalmente se associa a isto a falta de controle sobre seus próprios impulsos, paixões e emoções. O perigo da hubris é que faz com que as pessoas incidam em comportamentos nocivos a elas mesmas e despertem em si vícios e auto destruição.
Na mitologia são muito comuns passagens onde heróis sucumbem a desafios justamente devido a este excesso de confiança. Ícaro e suas asas podem nos servir de exemplo como uma destas situações.
No âmbito comportamental é o retrato fiel do ego inflado, da prepotência. É fácil compreender, já que a linha entre a auto confiança e a arrogância é muito sutil. E sem que as pessoas percebam, colocam a si mesmas em grande risco. Como isso pode ser visto no cotidiano atual? Pode olhar ao seu redor. Pessoas que ‘se acham’, que não possuem limites, que fazem da vaidade e da necessidade de se sentirem melhores que outras, seja pelo cargo que exercem, pelo conhecimento intelectual que possuem, pela condição financeira ou atributos físicos e fazem questão de demonstrar a todos o quanto são ‘melhores’. Muitas vezes usam até a estratégia de diminuir outras pessoas para sentirem-se ainda mais ‘importantes’.

O fato é que a hubris é tão sorrateira que atinge não apenas no individual. Nações, grupos, equipes, famílias também estão expostas a esta armadilha. Que fique claro! Não podemos confundir a hubris com aquela confiança e ousadia presente naqueles que vencem e necessárias para termos a audácia de seguirmos adiante.
Fique sempre atento, principalmente quando você está em destaque ou naquelas situações onde sabe que possui algum diferencial. A hubris é um inimigo traiçoeiro e sem que perceba você pode estar sendo contaminado por ela. A vigilância deve ser constante. O sucesso pode ser importante e saboroso, mas humildade é sempre fundamental. 

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