segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Você se basta? - José Carlos Carturan


Felizmente meu trabalho atual me permite vivenciar e observar todo o potencial do ser humano e a quantidade de mudanças positivas que somos capazes de fazer em nossas vidas. Ao avaliar de maneira imparcial todo este contexto, posso afirmar que a maioria dos problemas que as pessoas têm em suas vidas está diretamente ligada ao tipo de relações que tem consigo mesmas e com os outros.

Ouso dizer que há diversos fatores que são preponderantes para que consigamos mudar nossas vidas, mas que é praticamente impossível obter esta mudança se não conseguirmos mudar a maneira de nos relacionar.

Por mais paradoxal que pareça, a primeira e essencial condição para que consigamos nos relacionar bem com os outros é ‘nos bastar ’. E então vem a pergunta: “Você se basta?”

Talvez quando você tenha lido que precisamos ‘nos bastar’, numa primeira vista, isto tenha parecido estranho, como pareceu a mim no início. Quando falo em ‘nos bastar’ não estou falando em solidão, arrogância, egoísmo, presunção. Falo exatamente do contrário. Falo de humildade, desapego, companheirismo, respeito, amor.

A explicação é simples: Quando ‘não nos bastamos’, depositamos no outro, nas pessoas que conosco convivem (principalmente se tratando de um relacionamento afetivo) uma carga enorme de responsabilidade, um peso injusto para que as pessoas carreguem.

Colocamos no outro a função de nos fazer felizes, satisfazer nossos anseios, suprir nossas carências e lidar com sentimentos nossos que nem nós sabemos direito como lidar. Idealizamos, ’projetamos’ no outro a pessoa certa para ser a ‘tampa de nossa panela’, a pessoa capaz de nos completar e nos decepcionaremos muito se esta pessoa não atender às nossas expectativas.

Discorda? Então faça diferente: Pense em relacionamentos conturbados de pessoas que conhece. Pensou? Certamente encontrará alguns fatores de desequilíbrio, uma expectativa irreal e a insegurança de um (ou ambos) na relação, rompantes de agressividade, ciúme, tristeza, decepção, arrependimento, idas e vindas e um infindável número de brigas e exigências mútuas.

Como seremos capazes de conviver em paz com alguém se colocamos nas costas daquela pessoa nossa felicidade? Se despejamos nossas inseguranças pessoais em crises de ciúme? Se exigimos desta pessoa um determinado padrão de comportamento, que atenda ao que sempre sonhamos da ‘pessoa ideal’?

Percebe? O que a princípio podemos interpretar como ‘egoísmo’ que é o fato de sermos ‘auto-suficientes’ e o sentimento de respeito e amor que temos pelo ser humano que somos (o ‘amor próprio’) são fatores determinantes para que consigamos nos dedicar a relações saudáveis e equilibradas e sejamos capazes de amar na essência da palavra. Só podemos amar o outro com intensidade e desprendimento, se estivermos preenchidos internamente por este sentimento.

Devemos cuidar bastante de nós mesmos, nos conhecermos. Ou estaremos fadados a passar a vida inteira procurando alguém para suprir nossas expectativas ou em quem possamos colocar a culpa de nossa infelicidade.

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