terça-feira, 28 de maio de 2013

Aceitação: fracasso ou vitória? - Samara Silva



Quem nunca passou por uma situação indesejável na vida? Aquela situação em que nos vemos sem saída, de mãos atadas, sem saber como agir, ou tudo o que fazemos parece não ter efeito sobre a situação. Em alguns casos são situações que envolvem a vontade e o jeito de agir de outras pessoas e essas vontades e formas de agir vão de encontro com o nosso jeito de fazer as coisas ou com o que planejamos para nós.

Em muitos livros ou textos sobre iluminação espiritual e assuntos relacionados e até na bíblia em algumas passagens fala-se sobre a aceitação. Sobre não resistir a uma situação indesejável e assim transcender e viver além dessa situação ou condição. Nunca gostei muito da ideia de aceitar algo que me prejudica, que me impede de ter ou ser aquilo que desejo ou que vá contra meus valores pessoais.

A boa notícia é que aceitação verdadeira não significa que você precisa aceitar o desconforto ou o sofrimento e conviver com isso para o resto da vida, muito menos se obrigar a deixar seus desejos e valores de lado. Aceitação verdadeira é aquele sentimento de alívio que você sente quando descobre que por mais desagradável que uma situação seja, ela nunca será capaz de afetar quem você é de verdade. O fato dessa circunstância desagradável existir em sua vida, não te torna menor ou pior. O que você é de verdade, nada tem a ver com acontecimentos externos, o que você é de verdade está muito além disso. Desse modo nos livramos da culpa que pode estar ali escondida, nos livramos também de vários sentimentos e pensamentos destrutivos que acabamos tendo sobre nós mesmos por causa dessa circunstância e aquilo que sobra, quando permitimos que todos esses sentimentos e ideias distorcidas se vão, é o alívio, a aceitação verdadeira.

A aceitação faz você se tornar um com a situação, você não é mais alguém preso a uma condição, gritando e amaldiçoando à tudo e à todos, resistindo e querendo sair desesperadamente dali. Você se torna parte daquilo. E esse é o ponto chave e também, na minha opinião, é onde está a maior beleza da vida: Como você poderia mudar algo que você não é? Como seria possível mudar algo separado do que você é? Impossível não é?Você só consegue mudar algo do qual você faz parte. Algo que seja parte de você.

É desse modo que a verdadeira aceitação funciona. Ao se sentir parte de alguma coisa que antes era inaceitável na sua opinião, seu modo de ver as coisas mudam, você se torna mais flexível e aberto a alternativas diferentes as quais você não tem acesso quando está no estado de resistência. Já aconteceu de você ficar um tempão tentando resolver uma charada, ou consertar alguma coisa e alguém chega e após uma "olhadinha rápida", diz: "ah já sei... é assim, olha" e em 10 segundos a pessoas resolve o que você passou longas e cansativas horas tentando resolver, e aí você pensa "é tão simples, como eu não enxerguei isso antes?"

Na vida não é diferente, a gente muda constantemente e consequentemente tudo a nossa volta muda. Você não precisa conviver com nada que não queira, na vida dá-se um jeito para tudo. E nada, absolutamente nada que acontece no mundo externo pode atingir o herói que há dentro de cada um!



Sobre a autora:

Samara Silva é Professora de Inglês, Practitioner em PNL, Graduanda em Administração de empresas

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Linha Tênue - José Carlos Carturan



Vivemos nossa vida de maneira bastante paradoxal. Somos contradições ambulantes. O que é ótimo, pois talvez seja esta uma das únicas maneiras de aprendermos. No entanto é fundamental que estejamos atentos às linhas tênues que separam alguns comportamentos, sentimentos e até algumas atitudes que temos costumeiramente, sem nos darmos conta que existe um limite muito, muito estreito entre algo benéfico e outra coisa não tão boa assim.

É importantíssimo não confundirmos, por exemplo, tolerância e conivência. Esta mesma linha tênue existe entre: Pureza e ingenuidade. Autoconfiança e arrogância, humildade e subserviência. Ser audacioso é muito diferente do que ser inconsequente; ser resignado é bem diferente do que ser omisso; Ambição é ótima, mas muito próxima da ganância.

Talvez num primeiro momento não faça sentido, mas sem perceber confundimos justiça com vingança. Fé com fanatismo. Pensamos estar usando a neutralidade, quando na realidade estamos usando a indiferença. Ultrapassamos a linha da convicção e adentramos o terreno da teimosia. Buscamos ser calmos e acabamos sendo passivos. Às vezes exageramos no amor próprio e passamos a ser egoístas.

Já percebeu como tantas coisas estão próximas, como praticamente se tocam? Alguns acham que estão sendo diretos e sinceros, quando estão sendo grosseiros. É suave a linha entre a gentileza e o servilismo. Pensamos estar fazendo as coisas com agilidade, quando na realidade estamos fazendo-as com pressa, julgamos estar sendo prudentes quando estamos sendo hesitantes. Perdemo-nos até quando tentamos ser altruístas e acabamos caindo na demagogia.

Uma coisa é ser distraído, outra é ser desinteressado. Uma coisa é ter a “cuca fresca” outra é ser displicente. As pessoas acham que são determinadas, quando são obcecadas. Acham que são contundentes, mas são levianas. Mesmo quando todos os sinais apontam para uma mudança de direção continuamos errando, porque confundimos insistência com persistência.

Achamos graça nos pequenos desvios, quando são eles que nos tiram completamente do caminho. Julgamos estar sendo pacientes, quando na realidade estamos sendo complacentes. Colocamos no mesmo balaio pessoas abastadas e as que possuem riqueza. Esquecendo que há pessoas riquíssimas sem um único centavo no bolso, enquanto há outras que são milionárias e de uma pobreza interna lastimável.

Talvez a grande busca do ser humano seja equacionar estas disparidades na busca de um equilíbrio interior que resulte em uma linha de conduta que fortaleça as reais virtudes. E para isto é essencial que estejamos sempre vigilantes para não cruzar este limite suave existente entre as coisas, não ultrapassar esta linha tênue, quase invisível que separa os grandes seres humanos dos seres humanos comuns.

Há uma frase que ouvi de meu grande amigo José Orlando e que costumo citar nos cursos que dou que talvez ilustre bem este tema: “A única diferença entre o remédio e o veneno é a dose aplicada”. E assim continuamos nossa caminhada, tentando aparar nossas próprias arestas para transformamo-nos de pedra bruta em pedra polida, para atingir o necessário equilíbrio, para alcançar o Caminho do Meio.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Como tem 'passado'? - Alan Tadini



Estava revendo alguns materiais do meu curso de Psicanálise, e encontrei uma frase muito interessante que um professor muito sábio disse: "O passado é mutável através da mudança da forma de julgar os acontecimentos passados".

Comecei a refletir sobre isso, e sobre a nossa crença da imutabilidade do passado e percebo que o passado realmente não é algo fixo. Ok, o fato pode ser fixo, mas em relação ao que importa, que é como o vemos, avaliamos e sentimos, é sim, mutável.

O que levamos conosco é sempre o que percebemos e julgamos. Não temos acesso ao “real” do passado. Temos a realidade interna criada através do que foi entendido e julgado baseado na percepção, e esta irá gerar compreensão interior ao buscar, nas emoções e em toda a realidade conhecida até este momento específico, a forma como esta realidade será incluída no nosso “eu” mental. Uma coisa muito bacana sobre as terapias, seja PNL, Psicanálise, Psicologia e outras é que todas elas atuam de modo a libertar a pessoa desta prisão que a percepção, avaliação e introspecção dos fatos vividos nos colocam.

De que modo? Levando-nos até lá, no passado, de novo(Através de nos levar lá de novo) e nos fazer repensar/reviver o fato percebido fazendo com que o julgamento sobre o mesmo fato possa ser alterado e assim torná-lo menos angustiante para que o indivíduo possa viver sem esta “dor” do passado. Nem todas as vivências causam dor, algumas causam ilusão, outras causam até alegria. Claro que as boas a gente não mexe. Crenças limitantes e ilusões, embora sejam criadas como forma de proteção pelo nosso inconsciente, tem o péssimo hábito de não nos permitir ser plenos. Esta proteção é necessária no momento em que é levantada, mas a medida que nos fortalecemos, podem ser retiradas, porque senão, nos limitam. É angustiante quando uma ilusão cai por terra, principalmente quando se é apegado a ela. E isso é muito comum. Este apego também nubla a percepção de que ela existe. E quanto mais ela se esconde, mais difícil é se livrar dela. Tudo começa com o primeiro passo: reconhecer a crença.

Creio que a quebra de crenças é uma forma muito bacana de crescimento pessoal e nos deixa mais perto de sermos felizes. Se você não se sente pleno, talvez seja o momento de se observar, assim olhando de fora e, quem sabe, descobrir que seus limites são aqueles que você mesmo se impõe.

Abraços!




Sobre o autor:
Alan Tadini é Pós Graduando de MBA em Marketing pela FGV, Engenheiro Elétrico, Psicanalista e Master Practitioner em PNL. Tarólogo, Jedi e empresário no estúdio DigiMax. Nas horas vagas também estuda astrologia e comportamento humano.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Ego - Vinícius Vieira



Um assunto sobre o qual venho me questionando muito ultimamente, desde que comecei minha jornada do autoconhecimento é a respeito do Ego.Afinal, o que é o Ego? Ego significa "Eu" e há muitas definições a respeito dele, dependendo da perspectiva em que se olha.

De uma forma simplificada, vertentes psicanalíticas e filosóficas o vê como um mecanismo de defesa, um defensor da personalidade, um mediador dos desejos interiores e a realidade de um indivíduo. Já uma vertente mais espiritualista de Osho, o vê como um reflexo da sociedade, de outros indivíduos em nós, ou um modelo de como gostaríamos de ser vistos pelos outros indivíduos.

Independente do ponto de vista, o ego pode se tornar uma coisa prejudicial na vida de um indivíduo. Muitas vezes, inconscientemente, somos movidos por essa grande força, que acaba nos prejudicando. Ela geralmente age de uma forma sutil, muitas vezes no nosso desejo de aprovação, de nos mostrarmos úteis ou importantes perante a alguém que queremos. Isso acaba trazendo um grande peso para nós mesmos, pois a quantidade de energia e esforços gastos com essas coisas é muito grande, sem contar n a frustração e decepção posterior que teremos que lidar, caso nossas expectativas não forem atingidas.

Todos nós temos Ego, mas, como diz um grande sábio que conheço: "Eu tenho um Ego, mas eu não sou meu Ego". Somos todos muito maiores do que ele, nossa verdadeira essência é muito mais profunda do que a mera superficialidade de um Ego.

Todas as vezes que nos deparamos com situações que nos incomodam, devemos sempre procurar nos questionarmos: "Isso é meu verdadeiro Eu ou meu Ego agindo?", e devemos sempre ser honestos com as respostas, pois só assim aprenderemos a entender melhor como todo esse mecanismo funciona e saberemos qual a atitude mais sensata a tomar perante quaisquer destas situações. Quanto mais nos habituamos com este exercício, mais inconsciente ele se torna e com o tempo acabamos deixando o Ego de lado, revelando nossa verdadeira essência. É uma caminhada longa, mas com recompensas ilimitadas.




Sobre o autor:
Vinícius Vieira é professor de inglês, Practitioner em PNL e possui formação em Hipnose Clínica.

terça-feira, 7 de maio de 2013

Máscaras e disfarces - José Carlos Carturan



Confesso que certas coisas me incomodam um bocado. É inegável que a busca constante pelo desenvolvimento é algo fascinante, mas traz um ônus complicado de lidar. A tendência natural é ficarmos mais perceptivos e isso às vezes faz que não aceitemos qualquer coisa goela abaixo.

De minha parte um dos maiores desafios têm sido não me tornar uma ‘personagem de mim mesmo’ ou uma ‘personagem que foi sendo escrito para mim pelas pessoas que compõem o enredo da minha vida’. Procuro me policiar constantemente para que não vire uma caricatura de quem realmente sou e procuro não cair na armadilha muitas vezes irreversível de tornar-me um fantoche que quer sempre agradar aos outros. Sem nenhum tom de arrogância ou presunção, digo: Sou o que sou. Constantemente em busca de melhoria, justamente por estar ciente de minhas inúmeras, infindáveis e constantes imperfeições.

Em meu trabalho, com meus amigos, com minha família, sou o que sou. E ainda que cada um de acordo com sua ótica e sua essência me veja de uma maneira diferente, para mim continuo sendo o que sou. Com as vantagens e desvantagens que isto traz. Não se trata de falta de flexibilidade, mas sim em prezar por alguns valores e virtudes cardeais e principalmente ser transparente em demonstrá-los.

Por bom senso procuro aliar a isto certa polidez e tolerância, mas não se engane. Este perfil pacificador e diplomático tem um limite bem definido por valores éticos e morais. Daí por diante se este limite for ultrapassado, como bom ariano que sou as coisas tomam outro rumo.

O paradoxo é que enquanto arduamente luto para não tornar-me um rascunho de mim mesmo, me deparo com pessoas que se esforçam exatamente para conseguir o contrário. São a reprodução mecânica e robotizada daquilo que as pessoas querem encontrar nelas. Sem obviamente entrar no âmbito psicopatológico da questão, essas pessoas criam algo como uma ‘personalidade paralela’ e escondem-se sob um véu ou aura cuidadosamente alicerçada em palavras, gestos e ações que fortalecem a imagem que elas querem que os demais tenham delas. Isto pode até ser conveniente, mas o fardo de viver sendo quem não se é de verdade deve ser grande demais.

O fato é que após algum tempo vivendo debaixo de uma máscara, vestindo um disfarce criteriosamente moldado, só há dois desfechos. O primeiro, que beira a insanidade é realmente acreditar que se é a figura que criou, fundindo criador e criatura em uma personalidade vazia e ambígua. E o segundo é quando nas situações limite, não as de cunho emocional quando todos nós estamos sujeitos a reações desproporcionais, mas sim quando princípios e valores são questionados e deve haver um posicionamento. Aí a máscara acaba caindo, mesmo porque, não se consegue sustentar indefinidamente uma fraude.

O ruim é que ainda há algumas pessoas que não sei quem são. Não sei se são elas mesmas ou alguém que criaram. E é muito ruim lidar com pessoas assim. No meu caso, basta olhar bem fundo nos meus olhos. Gostando ou não do que vai encontrar, lá estará estampada a imagem cristalina de quem eu sou.