sexta-feira, 20 de abril de 2012

Finitude - José Carlos Carturan


Talvez esta seja uma das poucas verdades absolutas da humanidade. Pensando bem, talvez seja a única. Somos seres finitos. Não há escapatória. Nascemos e um dia vamos morrer. E ponto final.
Obviamente não vou nem me arriscar a entrar neste terreno escorregadio que diz respeito à questão religiosa, espiritual, metafísica ou como prefira chamá-las. Independente do que você acredita, eu respeito incondicionalmente sua opinião.

Se a alma é imortal, se há vida depois da morte, se passamos por estágios, planos, se somos alçados à condição de espíritos superiores ou se realmente há uma última e definitiva morada, não importa. Logicamente tenho minha opinião a este respeito. Mas é apenas uma opinião, dentre outras tantas diferentes da minha. E repito, respeito as demais. E acho estas diferenças de perspectiva salutares.

No entanto é indiscutível que desta vida, deste corpo físico mais cedo ou mais tarde nos despediremos. Ou seja, somos seres condenados à finitude.
Aí é que reside o problema. Parece que não nos damos conta disso. Vivemos a vida como se nosso tempo na Terra fosse indeterminado. Acabamos nos preparando, nos planejando para fazer coisas no futuro.
Jamais minimizaria a importância de um bom planejamento. É fundamental para que alcancemos nossos objetivos. Porém, viver com base em um planejamento é totalmente diferente de viver em dois opostos. Ou despreocupados com tudo, acomodados, displicentes ou de tal maneira ansiosos com o que acontecerá amanhã que nem percebemos o hoje. De um jeito ou de outro estamos o tempo todo sem dar muita importância para o momento presente.

Se pensarmos friamente (e me incluo nisso em algumas situações) vivemos a vida em um ritmo tão acelerado, tão frenético que nem nos damos conta dos acontecimentos de nossa vida. Já parou para pensar que estamos no final do mês de abril?
Pois é, parece que foi ontem que falávamos sobre o ano novo. E praticamente já vivenciamos 30% do ano de 2012.

Vivemos a vida como se não fôssemos seres finitos. Não celebramos nossas conquistas, pois já estamos nos cobrando sobre a próxima meta. Não vemos os filhos crescerem, não temos tempo de encontrar amigos de que gostamos, não nos damos conta que nossos familiares envelhecem, que nós envelhecemos, que a vida está acontecendo. Perdemos momentos preciosos no trânsito, em filas, em discussões sem sentido, à frente da TV assistindo programas inúteis, nos preocupando com a vida alheia, enquanto a nossa vai se esvaindo por entre nossos dedos. Como se tivéssemos todo o tempo do mundo. Mas não temos.

Ouvi uma vez que a vida poderia ser comparada a uma festa. Nós chegamos quando a festa já está em andamento. E vamos embora antes da festa acabar. O que está no nosso alcance é fazer deste período que fazemos parte da festa, uma jornada repleta de momentos especiais que façam valer a pena o convite que recebemos do Grande Anfitrião chamado Deus.

Um comentário:

  1. É sempre muito bom ler um texto do Zé, incrível como o óbvio que nos foge aos olhos é sempre tão doce e objetivamente trazido a tona por ele.

    Obrigada Zé.

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