quinta-feira, 12 de abril de 2012

Pedras Brutas - José Carlos Carturan


Cheguei a dizer em uma das colunas anteriores que algumas pessoas simplesmente não percebem tudo que se passa ao redor delas. Ouso até dizer que a maioria das pessoas se enquadra nesta categoria. Umas por completa comodidade, falta de iniciativa e pró-atividade e outras por desconhecimento e falta de informação.

Logicamente todos os tipos de aprendizado que obtemos são importantes, porém desta vez refiro-me aos aprendizados pessoais, voltados ao autoconhecimento que requerem alguns requisitos essenciais que transpõem capacidade técnica, conteúdo intelectual e sucesso profissional e financeiro.

Quer um exemplo do quanto isto é importante? Pessoas que têm destaque em seu ambiente profissional conseguem sucesso financeiro e tecnicamente exercem com maestria suas atividades. E ainda assim não se sentem felizes, plenas e realizadas. Conhece algum caso assim? Na realidade eles existem aos montes, espalhados por aí e em certas situações estão bem próximos a nós.

Esta busca pelo autoconhecimento existe desde a Grécia Antiga, há quase 4000 anos, onde no Templo de Apolo em Delfos estavam gravadas nas paredes as frases: “Conhece-te a ti mesmo” e “Vence-te se quiseres vencer”, atribuídas ao filósofo Sócrates.
A grande verdade é que em nosso caminho pela vida, durante percalços e conquistas estamos, percebendo ou não, buscando desenvolvimento. Somos semelhantes a pedras brutas, repletos de imperfeições e arestas que precisam a todo momento ser desbastadas.

Contudo, para que tenhamos a chance de trilhar este caminho é necessário que tomemos algumas atitudes e principalmente estejamos livres para buscar nosso verdadeiro propósito. É fundamental que estejamos dispostos a romper alguns paradigmas e nos livrar do fanatismo, das superstições, da ignorância e de vícios que fazem com que nosso caminho seja repleto de dissabores e dificuldades.

As arestas devem ser aparadas incansável e constantemente com base em virtudes nobres, princípios firmes e propósitos dignos para que em algum momento esta pedra bruta transforme-se em pedra polida.

O autoconhecimento requer retidão, postura exemplar e principalmente uma incessante busca pelo equilíbrio nos quesitos que compõem nossa verdadeira essência. Este conceito é tão relevante que vem sendo difundido há milênios pelos mais importantes e iluminados seres humanos que passaram por este planeta. Há trechos que ressaltam esta importância nos livros sagrados das principais religiões do mundo como a hinduísta, judaica, muçulmana e cristã.

O tal “Vence-te se quiseres vencer” refere-se aos desafios diários que enfrentamos para não nos deixar influenciar por tantas situações que colocam à prova o famigerado livre-arbítrio de que tanto se fala e que em tão poucas vezes é exercido com a devida importância e respeito a si mesmo ou aos outros. Certamente o autoconhecimento é o primeiro passo para transformar cada um de nós em pedras polidas, que juntas servirão para edificar uma nova realidade livre, justa e fraterna.

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