terça-feira, 9 de abril de 2013

A ditadura do julgamento - Alan Tadini



Dentre as várias áreas de nossa vida que nos tornamos escravos, a do julgamento figura entre as que mais nos afeta. Logicamente, não falo do julgamento legal, com juiz, advogado e todo o aparato que conhecemos. Fazemos julgamentos o tempo todo, não apenas do outro, mas de nós mesmos e de nossos atos. Procuramos sempre classificá-los entre certo e errado sem, no entanto, pensar sobre o que significa “certo” e “errado”. Qual é a regra para esta classificação? O que faz a ação ser certa? O que faz ser errada? Certo para quem? Como prever o resultado?

Particularmente, prefiro pensar em consequência. Toda ação gera uma consequência e ponto. Curiosamente, como estamos muito atrelados a este julgamento, buscando fazer o que é considerado “certo”, seja por nós mesmos ou pela sociedade, a consequência do ato acontece de duas formas: Uma pelo resultado daquela ação, e outra pelas ações geradas pelas outras pessoas devido ao julgamento que fazem desta ação, ao classificarem aquilo como certo ou errado. E esta classificação provém do nível de conhecimento do atuante e dos observadores sobre os fatores envolvidos na situação. Este julgamento todo, inconsciente e automático, leva a outro sentimento muito conhecido de todo ser humano vivo: A culpa.

Sim, esta conhecida... A culpa. Que nada mais é aquilo que você sente quando acha que poderia ter feito algo diferente do que você fez, mas que na verdade, não podia. Porque se você fez o que fez, fez porque naquele momento é o que você tinha condições de fazer, por todos os fatores: conhecimento, informação, momento, situação, necessidade, emoção... Tudo. Quando a consequência da ação não é o resultado esperado, o julgado como “certo”, sente-se esta angustia até arrogante, por acreditar que é (ou deveria ter sido ) mais do que realmente é???

Esta Ilusão que criamos e somos de certo modo incentivados a criar por toda a nossa vida, ao nos compararmos aos outros apenas pelo limite de nossa percepção da vida do outro. Afinal, consideramos, a nível inconsciente, que tudo que há pra saber sobre o outro nós já sabemos.
E é com base nesta ‘pseudo certeza’, que julgamos. Julgamos a nós, julgamos os outros, e julgamos os acontecimentos. Quanta onisciência e onipotência, não ? E muita gente ainda acha que “aos humildes o reino do céu”, significa pobreza material.

Será que seguindo este raciocínio, também não podemos considerar o tal do “bom senso” mais uma forma de julgamento ilusório? Esta que é uma das grandes armadilhas dos relacionamentos humanos. Quem nunca se sentiu numa saia justa quando o chefe ou o professor diz assim: “Faça esta tarefa usando seu bom senso.”?

Ok. Onde está o livro de regras do bom senso? Será que podemos perguntar: Bom senso de quem? Claro que é o do chefe... mas, como você vai saber qual é a percepção de bom senso sobre determinado assunto de outra pessoa? Bom senso é a forma como você acredita que percebe a forma com que os outros percebem determinado assunto.

E se o que você percebe como bom senso é diferente do bom senso do outro? Percebeu? E lá vamos nós julgando de novo... automaticamente... dentro do universo que existe dentro de cada um de nós.

A ditadura do julgamento faz parte de nossa formação de personalidade. É inconsciente, defensivo e automático, mas é possível praticar por toda a vida para não ser escravo dela. Você pode e irá julgar, e se estiver atento, perceber o julgamento.

A boa notícia é que você tem dentro de si todas as ferramentas necessárias para escolher seus atos, considerando o momento em que percebe que está julgando.

Afinal, você não é a sua mente, mas tem uma mente. Uma mente que pensa, mas a percepção não é da mente. A percepção é sua. Quem é que manda aí? Você ou a sua mente?

Que a Força esteja com você !



Alan Tadini é Pós Graduando de MBA em Marketing pela FGV, Engenheiro Elétrico, Psicanalista e Master Practitioner em PNL. Tarólogo, Jedi e empresário no estúdio DigiMax. Nas horas vagas também estuda astrologia e comportamento humano.

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